05 outubro 2009

Marvão Mouro




Um dos sitios mais bonitos que conheço, tinha-me prometido lá ir. Fui.
Dancei ao som de musicas que me seduzem, troquei palavras com gente em que me revejo, deleitei-me com um azulejo que há-de ser feito depois de algumas mensagens de insistência.

Os cheiros, o piso, o alto, o encantamento de um passado que me ultrapassa no seu peso na História, Subi e desci todos os degraus empedrados que encontrei, provoquei ecos numa cisterna, bebi um espirito de coragem que acalenta a esperança.
Uma solidão desencontrada, à minha chegada, vejo partida, vejo silencio...
Estou tão só na minha forma de sentir, tento expressar o que sou, não me revejo em ninguém, revejo-me em sitios, em percursos que a distancia não me pesa. Vejo-me no horizonte do desconcerto, entre as palavras forjadas e o não entendimento.

Sou tão pequena à procura de mim. Tenho uma tristeza tão grande, cada vez que sinto que ainda não me encontrei, falta de coragem que justifico com medo, falta de reflexo que não sinto, certeza fundamentada que não me assiste, o que me faz sorrir é irreal, perante a seriedade do que me rodeia.

Tenho um mal estar latente, cerebral, uma picada que não passa, a não ser nos momentos em que estou só comigo. Acalento-me com a fugaça e com os sons que me iluminam, trespassa-me uma certeza, uma contrariedade.
Estou sufocada da minha própria criação e sonho que enfrento



O resto, experimentações maldosas, jogos mentais que me ferem, pelo prazer da crueldade, pelo sorriso de se julgar saber mais. Tristeza disfarçada de riqueza, pobreza por detras de individualidade.
Sou mais simples do que pareço, sou desonesta em quase tudo o que digo, sou pequena a fazer-me forte, por defesa, sou tão grande que não me encolho em lado nenhum. Sou incapaz de magoar, de despedir ou ferir. Estive sempre ao lado de quem não me vê.
Este sitio acolhe-me com mais carinho que qualquer mão que se estenda. Doi-me a cabeça, penso demais.
O alivio vem de pensar que amanhã vou estar comigo, e depois e se calhar convencer-me que é só para ai que caminho.



2 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

É verdade. Marvão tem esse e outros poderes. E tb é um dos sítios mais belos que conheço, sente-se o poder da terra.

Luz disse...

Marvão, que dizer? É lindo e que saudades eu sinto. Outros tempos, tempos muito felizes.
Marvão fascina, é poderoso. Consegue deixar-nos parados em nós, centramo-nos e contemplamos a sua beleza, procuramo-nos e encontramo-nos pensando que nos haviamos perdido...
Mesmo quando triste liberta a tristeza que há em nós e, conseguimos sentir-nos, tocamo-nos e, sabemos que somos reais, que estamos vivos e, que há um caminho que temos de percorrer.
Vamos caminhar, vamos correr se assim tiver que ser mesmo sem pressa.
Obrigada por este Marvão :)

Abraço