03 outubro 2009

Não faço mais que a minha obrigação

Cumpro. Subi a serra atrás do fresco da manhã. Espantei-me com o carinho com que fui recebida. O senhor Antonio preocupa-se comigo, o Paulo esperava-me na estrada enublado pela roulotte de frangos assados, o sr. Luis conversou comigo pela primeira vez e o Gigas obrigou-me a comer tudo.
Não estou habituada a ser assim.
Entre um e outro, o chefe elevou-me ao desconcerto e à voz quase rouca. Sinto os meus nervos latentes, a voz desconexa, estou cansada e sem paciência para o que conheço tão bem, não fosse eu filha de quem sou.
As maquinas paradas, tempo para estar, sem tempo para partir, deleitei-me com locais por onde passo e não saboreio, subi de um lado, desci do outro, cada face mais bonita, serra iluminada e escura, tão bonita neste dia.
"Não faço mais que a minha obrigação", sou cumpridora sem horarios, disponivel a tempo inteiro, sem retribuição falada, mas conheço o que fica sempre por dizer aos outros, nunca a mim. Mais não peço, conheço a grandiosidade deste ser que me concebeu.
Sei que me entendes como nunca foste capaz de dizer, sei que tenho de ti o maior abraço que nunca me deste porque se esqueceram de ensinar a dar, meu pai, sei que o sim lateja do teu não e sei também que me conheces em ti. Não consigo na altura, logo de seguida, sorrio...
Vai ser sempre assim.

1 comentário:

Luz disse...

Esse abraço é o melhor que podemos ter! Como eu sinto falta do mesmo, saudades imensas de o sentir, ter aquele colo, agarrar-me ao seu pescoço e dizer-lhe as palavras que sempre disse e, nunca deixei de dizer, ver aquele sorriso lindo, aqueles olhos brilhantes abundantes de amor por esta filha.
Mesmo não estando já aqui, é tão bom sentir que somos parte um do outro para sempre, que existimos na vida um do outro, carne da mesma carne, sangue do mesmo sangue.
Obrigada por mais um desabafo pleno de vida.

Sentido Abraço