26 outubro 2009

Plena




Pronuncia gerundica, acordei envolta num nevoeiro que transpunha o amanhecer. Adivinhei o Sol por detrás, empiricamente assimilada a ideia de o ver por cima da parede cinzenta, prevê tempestade.
Ainda bem. Tenho vontade de chuva e de vento. Nessas alturas apetece-me passear, certa de encontrar praias desabitadas e colinas dançantes. Apetece-me o meu sitio de onde vejo, longe, mais persistência.  Vejo os elementos misturados, vejo agua imensa, vejo a terra onde piso, vejo vento e a minha cara que ferve.

Apetece-me passear na areia fria e molhada, salgar a minha cara, correr de passos marcados, apetece-me beber agua de uma fonte fria com as mãos em forma de concha. Apetece-me não ver gente, apetece-me o quente de uma fogueira.

Chamada antes evasão à minha verdade, quero ser acariciada pelo vento, tremer por dentro, quero perder-me nos prados verdes do Sul, sentar-me ao sol e comer uma bucha com um contador de poemas.
Quero as manhãs serenas de um despertar alegre, cheio de musica, quero encher-me de cada vida que os livros me dão. Adormecer sem querer, comer pão cozido em forno de lenha e tisnado de carvão.
Quero-me plena, no fim da estrada.

3 comentários:

Sonhadoremfulltime disse...

De novo um texto em que me revejo totalmente, como se me estivesse a ver a um espelho logo pela manhã.


Abraço

continuando assim... disse...

terás que chegar ao final da estrada ... em pleno :)


bj
teresa

Luz disse...

Um texto excelente e profundo como todos os que aqui podemos ler.
Um texto em que nos conseguimos ver em muitos momentos da nossa vida, muitos sentires que sentimos e queremos continuar a sentir, outros nem tanto assim...
Queremo-nos plenos, mas para isso há um caminho a fazer e, só quando o fizermos, o calcarmos bem nos poderemos sentir plenos no final da caminhada chegados ao final da estrada..., plenos e, em pleno.

Abraço com muita Luz