28 outubro 2009

Sentido




Palavras e gestos, presos, sentidos de liberdade, vontade de uma fonte que não se esgota, que não se quebra. Estação caduca que tarda em expressão.
Sigo-te à distancia de uma mão, mão de vento em passos pequenos, tementes de um passado que me assombra. Sigo crente, sem certeza de nada.
Nos meus passos ensaiados em caminhadas que me deixava para trás, irracionalmente por te ver no ângulo da minha expressão. Zangada pelo desencontro de razão, pela culpa do sentido sem tempo e do tempo que esgota, certa de me querer calada e anónima. Sem as palavras esboçadas, cuidadas, feridas de um sentido tão maior que eu.
Sigo-te por não conhecer este meu lado, por me ter perdido dos meus enquadramentos cómodos, da certeza de não existir mais nada. Entendo tanto em silencio. Entendo magoada.
Às vezes choro por um egoismo carente, não te encontro, deixo-te à consideração da minha mente demente de tanto sentir. Outras vezes, domina-me uma razão contabilística, o meu haver foi o céu e o inferno e o meu patrimonio uma ausencia de coerencia.  Devo a dignidade, devo-me plena.
Envolta nos elementos que me engrandecem, vejo-te ao longe. Sei-te de partida. Incapaz de um aceno, imagino-te desmultiplicado e dividido em mil abraços feitos do nada que é mais que eu. Faltam-me pedaços, sabes? A minha razão é devedora e merecedora e não serve de nada.
Um senhor de bata branca disse-me há pouco tempo que a raiva escondia um medo fisico que me doi. Sei-me estranha de um grito silencioso que me assombra. Não vale nada, vale o silencio com que me escondo em  alegorias e metaforas coloridas que me dão vida.
Aceito-me como sou, gosto-me assim, meia tonta, meia terrena, sou crente na minha alma que te segue na crença que tem de mim.

1 comentário:

PAS[Ç]SOS disse...

Na dúvida de encontrar, há que acreditar ser a sombra alcançável. Há passos em que precisamos nos deixar para trás para quando um laivo de certeza se vislumbrar, a corrida ser feita com maior vontade; aquela que nos faz ignorar a razão e correr na ânsia de abraçar palavras e gestos. De pedaços faremos gotas e beberemos a água dessa fonte que não esgotamos, porque vivemos.