27 julho 2009

Carta a mim II

Olhei a lua pequena, misturada com uma copa azul dos feixes de luz que de vez em quando me trespassavam a face, fechei os meus olhos enquanto os sons me inundavam os sentidos e vi-te.
Olhei-te como nos nossos sonhos de sempre, o mesmo mar, outro azul, mais teu e ainda maior, e para lá dos sentidos, a tua alma chamou-me para contar uma história.
De uma aurora distante, em que me disseste que precisavas de descansar, na sombra de uma calma que imaginavas saber habitar, sei que andaras perdida num sol ardente, que pediras ao vento que te encontrasse e ele soprou a teu favor mas parece que não o soubeste ouvir. Ele segredara-te acerca da tua voz mais serena e tu, ouviste a revolta de uma alma enganada. Procuraste uma sombra temperada pela calmaria e tentaste dormir, dos teus sonhos erguiam-se vozes acordadas que falavam para ti, falavam dos teus sentidos, dos sonhos que nunca dormiriam mesmo quando o desejasses e ainda te mostraram as histórias coloridas que guardaras só para ti. A noite não fora apenas escura e tu, cega de medo o que ouviste?
De tantas manhãs, que partiste sofrega e vazia, tão longe de ti.
Das tardes amenas em que cantaste sozinha para nunca te esqueceres das musicas que antes te adormeciam e que já não sabias ouvir.
Das noites quentes, das gentes da tua vida.
À tua sombra, assombrada e acordada, reviste a tua vida e construiste-a sem ti. Presente e carente, erguias a ilusão da loucura e criavas a convicção dos imaginários feitos contos e antes, sonhos. E não dormias.
Admirei nos teus braços, de olhos abertos perante o azul da terra e daquela luz, a certeza da tua falta, do silencio que já não saberias calar nos teus olhos, por quem te vê, por quem te olha e entende. Tamanho engano o nosso.
Cresceste? A história falava-me que ainda estás aí.

1 comentário:

Anónimo disse...

obg, tambem gosto da forma como escreves. :)