18 agosto 2009

Sigo-te

As cores do entardecer convergem num bailado ensaiado de passaros pequenos no céu. Somos só e apenas, observadores despertos de um mundo colorido de imagens, de sombreados iluminados e névoa cristalina.
A poeira não me cega, nem os teus olhos descobertos, é o teu semblante dominante que me despe e desconcerta.
Sigo-te sem passos, sem movimentos. Sigo-te pela razão da vida, rendo-me aos elementos que me dominam. Respiro no teu corpo enquanto me encontro e assisto ao passar das cores, dos cheiros humanos e reais, glamorizo o privilégio do cenário que me ofereces. Sei que é mais que isso, sei que além do silencio da individualidade promovida, há um momento em que me olhas e lês, Vês? Sinto o mesmo que vias.
Há tanto que preciso entender, crescer, há passos que não percorri, por medo ou pressa, o voo dos passaros expressa o quanto me resta por viver. O voar ausente de promessas, só horizontes, terra e o vento, e o meu caminho ali.
Imortalizadas histórias, em formas geometricas, criadas à mão, as memórias de uma terra que me chama por ser tua, por ser viva, aprendo tão mais do que entendo, aprendo a ouvir-te olhando, vendo-te com as minhas mãos que se movem sozinhas.
Desprovida de palavras, construo-te em imagens o que sou. Rasgaria os ceus todos os dias, ou pousaria em recantos conhecidos, contorcer-me-ia em reacção, mas asas soltas voam sempre em direcção à luz que as ilumina.

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