25 agosto 2009

Correntes Contrárias

Turbilhão vazio, imensidão oca e plena, reclamo passadas vividas, pisadas minhas, feitas de sentido, feitas de mim, pequena e tão cheia.

Sem tempo, eu sei, desfocadas e tão sentidas, mais que palavras, mais que silencios, gritavam alto os gestos que eram para ti. Não eram frutos da razão que me gere, do meu mundo sustentado e ameno, eram os sopros puros da minha alma, emoção crua e despida, era a minha luz e por fim, a minha calma.

O meu amor sentido, despertar de uma vida merecida, erguida de sonhos e conquistas, de tempos demorados e outros descompassados.

A corrente contraria, que se mostra e impõe, como se antes não a visse e apontasse na minha direcção, carregada com uma culpa minha, entranhada. Entendo o mesmo medo, entendo a solidão da ironia, entendo os rasgos dolorosos, ardentes da mente. Entendo os momentos adivinhados, mesmo que errados, em que a fé te abandona e a raiva te cega.

Hoje, erguidas as muralhas ao finito silencioso, o "não" ecoa em mim em gritos ensurdecedores, vi-o chegar, tem a expressão do tempo sem tempo e da voz da razão. Gemo e entendo.  
Entendo esta angustia que hoje me assola.
Entendo o tempo. Entendo.Vejo te agora, de volta à barca, cega e calma, e cego tambem eu a visão.
Barca solta a tua.
Embarco eu na junção das correntes, à porta do mar que não chegamos a navegar.

Olho-te, longe, lembro-te em cada pedaço do meu respirar, arranco-me, contorço-me, querendo esquecer, adormecer e acreditar.
Tenho o meu tempo que resta até chegar.

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