16 janeiro 2010

Lição de voo

Mordi os lábios de vontade de mandar calar a verdade, que não pudesse ser, que não fosse, que eu mais via, e enquanto me debatia, dei pela minha voz cada vez mais embargada, fixei o olhar no nada enquanto ouvia.
Sai de mim, só para me assistir, pela ultima vez, ao meu esbracejar, parei para me ver chorar com a dor que me assiste, chorava a farsa, chorava as palavras vãs, chorei até já não ficar nada. Chorei sem lágrimas que as guardei só para mim, e as que cairam na minha cara, foram mais fortes e eu não consegui esconder.
Havia frio lá fora que entrava em mim em rajadas de palavras, e eu fixava um fogo mal aceso, um quadro qualquer.De mil, lembro-me das que entraram sem perdão, respondia que não, mas a minha alma já me dizia que sim.
Ficou um obrigado,mais nada.

E nesta hora, do fundo do meu peito apelo ao sabor do medo que me atordoe, que me acorde, que me faça estremecer como neve solta, que me dissolva, me eleve, me derreta, mas desperte, depressa.

1 comentário:

Breve Leonardo disse...

[tantos os lados que um espelho tem; depende do numero de almas que contemos...]

um imenso abraço, Milhita

Leonardo B.