10 janeiro 2010

Sabes, quando de repente, por qualquer motivo, porque alguém te disse duas palavras que soaram como badaladas de meia noite, tudo em ti estremece num alucinado e quase insuportavel momento de lucidez?
Sabes quando uma voz cá de dentro, que mais ninguém ouve senão tu, te diz, "É agora, S.., é agora", quando as tuas mãos se movem sozinhas e a tua vida passa por ti numa rajada alucinante?
E uma força tremenda se apodera da tua voz e das palavras engasgadas na garganta?
Sabes quando dias e noites já não interessam e a nossa verdade é somente o que nos ergue, o que está cá dentro? Se chove lá fora e eu fervo por dentro de cabeça erguida, onde quer que este caminho me leve?
Sabes quando a farsa se apresenta de olhos brilhantes, enganosos e o teu estômago dá voltas? Quando por tudo ou por nada, te lembras do teu ontem que fez o dia seguinte e outro, e mais outro, numa espiral descrente... De quê? De mim, sabes? De mim!
Sabes quando os mares se cruzam em marés que te já levaram sem teres visto ainda, quando o pecado é este embargo apertado de não ser?
E depois, depois, depois há o mais que me volta em vagas crescentes de paz, que o meu patrimonio é este marejar de olhos na verdade de ser capaz.
Estou maravilhada e assustada com o que esta tarde fugaz me oferece, noites de construção,  devolução de credo e medo que agora me inspira e alerta.
Sabes que neste momento, o caos se ordena, cá dentro, por qualquer motivo ou porque simplesmente, me vi!
Bendita loucura minha, bendita maré. Inundada de uma claridade tão mais verdade que a própria razão!

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