21 janeiro 2010

A outra margem de mim

É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és


É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós


A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou


São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto


É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar

Tu que sabes tanto de mim

Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou


Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre

Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E tu e eu a descobrir o ar


Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver





Ouvi hoje, gostei tanto!

4 comentários:

Sonhadoremfulltime disse...

Amiga,
o bom gosto da Mafalda é evidente.
Um belo poema e uma bela melodia.

Abraço

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Lindo poema...adorei.

beijinhos
Sonhadora

Isabel Moreira Rego disse...

Gosto de andar por aqui...
neste blog muito bem feito
afinal o que eu não vi
foi o coração dentro do peito.

O coração que aqui encontrei
andava por aí a divagar
porquê, nunca saberei...
ande foste então parar?

minha autoria de agora...
Isa

múrmurio disse...

Olá!! Adoro a musica também...
Agradeço esta margem que estabelecemos...adoro Santarém e o seu pôr do Sol juntos às muralhas com vista para o Tejo....O calor, o cheiro do Verão da Lezíria, o sorriso das pessoas que nos acompanham à passagem e um café no largo da Sé....
bj