28 setembro 2009

Abraço

Acordei a pensar em ti, sem querer, a minha mente não para de inundar de imagens de ti.
Sei que as palavras não valem nada, sei que se desentendem, mas mesmo em silencio, há um mar de sentidos que são mais fortes que eu. Queria dar-te um abraço, que ainda tenho, um abraço levado por um vento sereno, ainda quente e que te aconchegasse lá no mais fundo de ti, nesse sitio escondido que tu não mostras e eu não esqueço.

Queria ter uma expressão qualquer que não existe, uma nova, que valesse o significado de um gesto que preciso, que guardo cá dentro, mais sábia que palavras ou silêncios, mais forte que um abraço ou uma bofetada, mais sentida que um sim ou um não.
Queria ter um espelho enorme daqueles que aumentam e reduzem em cada face. Que fosse capaz de enaltecer o que só tu não consegues ver em ti e reduzir a intransponibilidade da razão. Que, sempre que te olhasses, visses tão mais para além da tua imagem.

Pensei na insuportavel grandiosidade do ser, reduzida a degraus que se alcançam somente na vã tentativa de reflectirmos o resplandecer de uma alma que não sossega, não aqui, não ali, em todos e em lado nenhum.
Queria que jogasses uma das pedras, a mais pequena, a um lago azul, visses os circulos crescentes formarem-se e assumirem serem capazes de movimentar as aguas paradas e reticentes. Queria cegar os teus olhos descrentes e dizer-te que és tão grande.
Queria dizer mais, mas não tenho como, não tenho mestria nem expressão, tenho a minha mão que percorre sozinha o meu pensamento, tenho uma alma que te abraça até à vida.