10 setembro 2009

II

Este dia foi duro demais para mim.
Sinto-me enfraquecida com uma batalha que antevejo ganha, mas à custa de tantos gestos em que me desconheço, sinto-me sozinha!
Porra, sinto-me tão sozinha no meio de tanta gente!
Às vezes deixo-me embarcar numa desilusão desmedida. Desacredito-me. Sinto-me opaca perante a vida. Os reflexos não me caracterizam, isolo-me aqui dentro, do mais fundo de mim. Sinto-me perdida num remoinho insano onde não me identifico.
Daqui a poucos dias faço anos. Ambiciono um unico presente, paz! Estou tão cansada de tanta coisa.
Refletida nas palavras , não me revejo, sofro por isso, como se nos passos , nos gritos silenciosos, no mais que se vê sem se dizer, esteja exposta uma imagem distorcida de mim. Fui que a construi? Grito o mais alto que posso, não me revejo! Há uma imensidão cá dentro, castrada que teima em não encontrar espaço para sair.
Este silencio que me rodeia, é mais cheio de mim do que as palavras que sei sentidas, que falam de mim, gritos silenciosos sem eco, esta insanidade de me encontrar, adormecer desperta, a meio da minha vida, sou guardiã da desconfiança de me mostrar.
Hoje chorei sozinha, estou farta de chorar, de me purgar, de espantar em esforço as invasões venenosas que me não me deixam. Quero paz, estes momentos enriquecem-me e destroem-me por dentro.
Quero o caos da distorção, quero a destruição da ilusão a que aderi, às horas que perdi a esconder-me por medo, das vezes que me calei por a minha voz soar contraria à maioria, dos sitios em que aceitei estar sem estar, dos anos que me julguei acompanhar afastando-me de mim, desta droga maldita que me enfraquece.
Sou adicta, bendita, abençoada, não chega, faltam forças à sede de ser.
Sou grande com medo de o dizer. Sou o reverso da moeda, sou agora mais qualquer coisa do que há pouco. Maldita de mim que regateei o meu ouro em troca de nada.
Sinto-me sozinha agora, estive sempre sozinha, fechada em mim, sou digna das lutas que travei, eram sentidas mas cega, lutava contra mim.
Vejo agora, sinto-me assim, sinto-me especial, sou especial, sinto-me sozinha, estou comigo, construo-me destruindo as amarras que julguei necessárias para me erguer.
Onde estavas tu quando mais precisei de ti?

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