24 setembro 2009

Já me acostumei à apregoada insatisfação politica, nos cafés, nas praças, nas bocas convictas dos comentadores explícitos e dos outros.
A minha, ingénua, recai sobre o lado pratico da minha vida. Sobre as filas de espera que não se mexem, sobre as famílias que trabalham e perdem dias entre papelinhos e carimbos a entregar em vinte sítios, três ou quatro vias a serem analisadas por mentes incompetentes que não sabem, não sabem mesmo.


Tenho dois processos, com o carimbinho de entrega, como o chefe ensinou, há dois anos, na Unica entidade que licencia, vistoria e regula (três numa), a area de explosivos. Muda-se o director anualmente e, com ele, mudam-se as vontades. Os processos, vão ficando.
Há quem queira trabalhar. 
Há quem se esteja nas tintas para as manobras politicas do que fica bem ou mal à boca das urnas, sei antecipadamente que a maioria queixosa, há-de ir em filinha pôr a cruz em quem soa menos mal, ou nem se levanta do sofá para depois não se sentir melhor ou pior, consoante...


O que sei, bem sabido, é que mastiguei leis contraditórias, continuo a preencher papelada sem sentido, a debater-me com engenheiros que nem sabem como se rebenta uma bancada agora, com o mestre dos explosivos, de bigodinho que, no dia dos meus anos, ao telefone, só faltou convidar-me para irmos jantar fora. Os processos? Ninguém sabia deles.
Grande pai que continua sem cair no conto do vigário.  


O que sei, é que falo todos os dias com homens de mãos grandes, cansados desta palhaçada, que seja de esquerda ou direita, só pedem que os deixem trabalhar, que os deixem expandir a obra de vidas inteiras, heranças suadas, milhares gastos em adaptações de leis obtusas de quem se senta naquela rodela amarela e fala de um pais que não é o nosso.


E rimo-nos todos muito com os esmiuçares do Ricardo a fazer perguntinhas engraçadas a uma cambada de gente aparente, de calças de ganga e ar de acessível. E as outras?
Somos ridiculos a vetar os erros explicitos mas desculpamos as manobras que nos cegam, e as teorias da treta que ouço todos os dias.
Feiras? Venham às pedreiras, venham comer o pó e falar com esta gente. Venham aprender como se faz e já agora, perceber que um liso se rebenta de levante ou de frente. Que as casas faustosas que todos têm, foram feitas de suor e calor de muita gente.


Não preciso de grandes conhecedores universais, por ora, agradecia somente alguém competente, sentado à secretária que lhe pertence, porque sabe. Só isso.
Quanto ao chefe Santos, até o entendo!


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