19 setembro 2009

A Straight Story



Hoje o acaso presenteou-me com um dvd que desviei da colecção do meu pai. Ao acaso, remexia nas prateleiras e encontrei-o. Procurava outra coisa que não cheguei a encontrar.
Sentei-me abraçada ao meu amigo e deleitei-me pela segunda vez com uma "história" que, pela segunda vez me fez chorar.

"Straight Story" é um filme que me desconcerta, não pelo carinho implicito nos gestos, nem pelo cortador de relva, nem sequer pela cara linda do velho Alvin. É a essencia da persistencia que me comove, a despreocupação que ultrapassa a vivencia e nos impele contra a corrente do varejar do tempo e da razão.
Abracei a minha almofada ao longo de uma caminhada que aspiro na minha própria direcção.

Revejo sempre a abominavel diferença entre as conquistas premiadas à chegada e as cruzadas de quem se move por simplesmente precisar, por não existir alternativa senão seguir o que se sente.
Os descobrimentos enaltecidos na história, aqueles que estudamos repetidamente até à exaustão, escondem outros, mais humildes, sem recompensas, protagonizados por uns tantos que se limitaram a partir em busca de qualquer coisa. Porquê? Porque sim. Porque é assim.

Os propósitos marcam diferença. Os factos semelhantes distorcem-se entre contos fantasticos e fascinantes enredos. E ainda há quem só precise de ir a qualquer lado.
Depois acompanha-nos o entardecer sombrio de quem já não espera e o despertar tardio de quem ainda não viveu.

Acho que não me importo de ver o filme de novo, tantas vezes o meu olhar continue a marejar de uma lagrima solta que vem, porque sim.

Sem comentários: