08 setembro 2009

Minha irmã

O texto que escrevi, era pequenino, estava com pressa, mas aquela lágrima que me ofereceste de manhã, a primeira que senti pertencer-me por inteiro, que recebi com carinho; urgia dizer-te, o quanto te amo.
Hoje caminhei sozinha, de mão dada contigo. Fui lembrando as tuas palavras, conduzindo e à minha vida, vendo espaço, vendo o caminho conseguido, sem ordem, sem sentido, rumo ao tanto em que insistimos em acreditar.


Conversei contigo,
Decidi escrever os meus dias, falar comigo, entender cada momento de desordem que se ordena devagarinho, entender os meus gestos impensados, sentidos, o medo que sinto.
Parei aqui à beira da estrada.
Era aqui que o pai comprava peças e nós esperavamos no carro. Horas. Lembras-te?
lembras-te de uma fonte onde nos encharcavamos desafiando o calor?
Parei aqui a ser a mesma menina, descalcei as sandálias, bandeei com o passar dos camiões e deixei-me estar.


Almocei no Beco, aquele senhor, pergunta sempre pelo pai, gosta dele, mas quando os vejo é de garimpa alçada com qualquer tema desinteressante que o pai usa para protagonizar a ocupação espacial.
Este senhor ainda se lembra que estive doente, já lá fui tantas vezes e pergunta sempre.
E fala de futebol!

Sabes mana, resolvi dar um abraço ao senhor João. Falou-me no tempo, irónica a questão, falou naquele alentejano e deu-me um pucaro de latão com agua fresca da bilha. Deve ser do tempo, momentos que me enchem, dei-lhe um abraço e sorri-lhe.


Como sempre, descarreguei sozinha.
Hoje estou contente mana.
É o teu dia, o principio das nossas vidas




Parei em Vila Viçosa para te lembrar do quanto sempre quisemos entrar aqui e nunca o fizemos, não sei porquê. Parei também para te comprar uma prenda que idealizei, não encontrei ainda.
Esta vila é tão bonita, tem gente sorridente, desempregados porque os cafés estão apinhados.
Fala-se da Ferreira Leite de galo.
Aqui não gostam muito dela.


O Luis, estava de oculos escuros, espelhados e tinha qualquer coisa no dente.
E tinha uma bandolete, mana, daquelas às curvinhas.
Disse-me que era por causa do suor.

Parei aqui.
Sentei-me no cimento com liquens amarelos.
Já aqui havia estado.
O mesmo silencio, a mesma paz, aspirei aqui uma alma que sinto, cimentei o silencio em mil sentidos ordenados, a paz chamei-lhe vida e senti-me capaz, mana, senti que estou por inteiro, viva!
E sonho.


Deste-me a mão, sempre, ouviste quando não falei, entendeste o que eu própria não sabia explicar, mostraste-me um caminho que não via.
Parabéns mana. Parabéns pela vida!

2 comentários:

Inês disse...

Obrigada !! Daqui do fundo de mim... com um suspiro sincero, acabo um dia que foi bonito, certa que nos encontramos sempre que quisermos. Gosto tanto de ti!

Marta disse...

Linda....agora sou fan do teu blog..todos os dias vou espreitar o teu 'diario'...

Vejo-te sempre a crescer..desde que entraste na minha vida..és grande...e continuas a crescer..ès incrivel mulher!!! .. uma mulher e pêras..ÑÑÑ..e..melancias..e côcos...e aboboras...coisas grrrandesss...

estes caminhos trazem-me à memoria certos locais que percorremos juntas, mas acompanhadas..e a minha familia mais antiga...

Sandrinha...adoro-te....és fonte de minha inspiração....em breve voltarei a pintar...e pensarei em ti.."