13 setembro 2009

Monte

Meio perdida, procuro a ruela entre uma esquina fechada. Conheço a distância e de manhã, o cheiro a mercearia, uma rua pequena e escondida e, em cima o alcance de um sonho, o despertar de sentidos, o vento nos pinheiros testa a persistencia e filtra os estranhos, os pequenos.
A escuridão e a fé espreitam como se aguardassem os terrenos, os que amam.

Do alto, a avenida escondida, o castelo sabedor, o rio que termina. Eu, no palco de actos em busca do melhor e pior que há em mim, trouxe um vestido que não dança, um casaco, encontro-me aqui.
Já me apaziguei aqui, já me despi de mim e abracei a minha cidade com uma vontade lancinante de me deixar, já chorei...
As memórias percorrem-me num relampago, velozes e apressadas a chegar a um momento guardado.

Um abraço sentido que durou tanto tempo,um banco de jardim, o vento, o silencio, uma nevoa que descobria a cidade em cores imaginadas de tão verdadeiras.
Vivi esse momento como se fosse eterno, uma tela sem quadro, sem tempo, como se ali me tivesse plena, de coração e alma. O sentir que vivi não se enquadra, entende-se num olhar desperto, um sentido que via.
Também a  minha cidade iluminada,nesse fim de tarde, ouvia baixinho e guardava em silencio o que hoje lhe ofereço para me guardar a mim.

A minha cara ferve e eu rogo à Senhora que tome conta de mim, que me arranque cada pedaço ardente, que o guarde, que me ampare e a seguir me mande embora por me tornar estranha neste sitio que se fez em mim.

Quero achar-me lá em baixo, na praça onde ouço musica, embarcar no rio contra a minha maré, quero paz, quero cegar o resto do mundo e despir-me de vez.

1 comentário:

continuando assim... disse...

lindíssimo

sem palavras ...

bj
teresa